domingo, 25 de julho de 2010

Dia D















Bendita seja aquela noite em que dois pares de olhos castanhos se encontraram pela primeira vez. 
Seria estranho se ela não se perdesse neles, se não sentisse seu coração pulsar em ritmo de bateria de escola de samba em dias de carnaval. 
É bem verdade que preferiu desviar o olhar por desacreditar que aquele moço estava ali inteirinho para a sua pessoa como um presente enviado do céu, num embrulho vermelho com laço branco.
Afinal, andava acostumada a estar só, mesmo quando acompanhada de alguém-sem-presença, que achou melhor permanecer onde estava com sua pouca coragem. 
Então, olhou para o céu negro e quase não acreditou no que viu: uma constelação inteira lhe trazia um recado. 
E como pisca-piscas de natal, estrelas que formavam palavras encantadas contavam a boa-nova: 
“Sua espera termina aqui”. E teve a estranha sensação de ter 300 e 50 e 10 borboletinhas arteiras fazendo cócegas em seu estômago. Naquele instante, quase que automático, seus olhos castanhos foram de encontro aos dele. 
E qual foi a surpresa que teve ao notar que estava sendo correspondida. 
Bem que tentou conter o riso meio tímido e curto, em vão. 
Sem que desse alguma palavra de ordem percebeu todas as janelas da alma se abrindo e uma brisa fresca e perfumada entrando em seu peito, levando embora toda poeira e mofo de uma amarga ilusão. 
E foi tomada por um sentimento novo ao perceber que nenhum outro foi capaz de fazer por ela o que aquele moço de olhos castanhos fez: libertá-la do medo de ser feliz. O que antes era cinza, frio e triste canção se transformou em uma página virada de um livro velho e empoeirado que ninguém lê. 
Afinal, histórias assim não comovem as pessoas. 
Olhos que antes eram opacos, sem expressão, são agora “dois fãs, um par”. 
E sorriem, porque descobriram que além de se encantar com olhares, podem sorrir.





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