sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Do amor que não morre

Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira. - Tati Bernardi



C
horo mesmo, me descabelo pra caramba, queimo meus neurônios com probabilidades mil acerca de nós, e deixo todo mundo ver. 

Me exponho aqui, coloco minha cara a tapa, e que atire a primeira pedra quem nunca teve um choro meio ridículo por amor. 
Me abro, arreganho meu coração à fórceps, deixo a mostra minha dor e ainda cutuco com um pauzinho quando escrevo sobre tudo o que sinto. 
E todo mundo vê, alguns se doem junto comigo, outros se recordam como é a dor de amor. 
Essa dor de não se importar consigo mesmo e se deixar a Deus dará só porque parece tão mais importante se o outro está sofrendo também. 
Me poupe! 
"Acorda, menina", repito para mim mesma. 
"Ele não está aqui para cuidar de você!". 
Sou eu, eu mesma e meu amor que lateja no peito nesse deserto imenso que parece o mundo.
Sendo bem egoísta, ainda pensamos que ninguém sente igual, que a dor é só nossa. 

Minha dor é a pior das piores do mundo - e não discorde! 
Eu te amo. Caramba, eu te amo
Tô ferrada. 
Eu sei, meus amigos sabem, a vizinha da frente sabe, meu travesseiro sabe, vocês sabem, todo mundo sabe - menos você. 
Tenho coragem suficiente pra contar pra todo o planeta, mas pra você meço meia dúzia de palavras repensadas cinco vezes e já basta. 
Não me entrego. 
Só essas palavrinhas já são capazes de me doer por três dias e revirar o estômago num looping. Porque expor a você minhas dores é cutucar a ferida do coração com pauzinho. 
Mas parece dez vezes mais doloroso quando é pra você que falo. 
Quando é com você, parece que o tal pauzinho ainda tem um monte de pontas que ardem no peito e tiram meu ar. 
Tudo parece pior.
A idéia de deixar você saber que ainda me dói é terrivelmente amarga e assustadora. 

Prefiro revelar para 100 pessoas anônimas aqui do que falar pra você. 
E acredite, tudo o que eu queria era te contar que ouvir seu nome ainda me causa arrepios pelo corpo todo. Que olhar tua foto ainda me dá um leve embrulho no estômago. 
Que eu quis chorar por ter ficado feliz de saber que você lembrou de mim naquele dia. 
Que tem um nó na minha garganta brotando em cada lembrança gostosa sua. 
Que às vezes eu sufoco um choro baixinho no chuveiro. 
Que fiz uma força tremenda pra sorrir ao invés de sair correndo quando te vi estes dias na rua. Tudo, tudo o que eu queria conseguir dizer é isso: eu te amo.
Sou péssima em atuação, e por isso mesmo escrevo. 

Não sei fingir que estou totalmente bem e limpa. 
Com dor, muita dor, me afasto pra disfarçar. 
Finjo que esqueci, que não tô nem aí se não vou mais te ver. 
Nem por acaso, se meu santo for forte. 
Bate o desespero: eu não vou mais te ver. 
Caramba, tô expulsando da minha vida a pessoa mais especial que me apareceu! 
Não vou mais te ver. 
Estou te expulsando a socos, junto com a minha dor. 
Engolindo sapos, perdendo ciente da perda - e acho que é o que mais incomoda nisso tudo. 
A perda, a ausência, o vazio. 
O desamor deixa mais feridos que o amor, o vazio se torna pior que o sofrimento. 
Eu sei que, daqui a pouco, dentro do coração vai fazer até eco.
Faço a desinteressada, enquanto fuço seu orkut a cada dez minutos. 

Finjo ignorar, enquanto acompanho cada passo teu. 
Sorrio, enquanto tudo dói. 
É difícil ser humano, porque quando atingimos o ápice da humanidade é no momento em que doemos. 
Na dor, tornamo-nos humildes. 
Afundando na minha dor, preciso finjir tranqülidade mesmo quando quero fugir. 
Preciso te fazer acreditar que estou completamente bem enquanto estou no chão com o bendito do pauzinho cutucando meu coração. 
É exatamente isso: humildade. 
Reconhecimento das minhas fraquezas. 
E eu aqui tão boba, me doendo inteira por dentro e só desejando a sua felicidade. 
Que inferno ser humana! Inferno ser eu, me importar tanto com você, ser essa que mesmo de longe ainda anseia por notícias. 
Que doa, então. 
Que doa, doa, doa. 
E que passe. 
Quero acreditar que assim como os relacionamentos, nenhuma dor é eterna. 
E essa parte você pode anotar.

Clarissa M. Lamega

Quando não está


"Porque se você não vem é como se o tempo fosse passado em branco, como se as coisas não chegassem a se cumprir porque você não soube delas."


Caio Fernando Abreu in O rato

Eu e você


"É cansativo viver sem vírgulas porque eu respiro a sua existência 24 horas por dia, e só coloco vírgulas teatrais para você não enjoar de mim.
Te amar não é fácil, é quase o anti-amor. 
É muito quase como se você nem existisse, porque só o homem perfeito mereceria tanto sentimento.
E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana.
E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda. 
Porque você enterrou meu sonho aprisionado pela perfeição e me libertou para vivê-lo.
E a gente vai por aí, se completando assim meio torto mesmo. 
É Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado."

Conta pra mim





“Conta pra mim de onde a gente se conhece. 
De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava
Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. 
Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. 
Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. 
Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. 
Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos. 
Conta pra mim de onde a gente se conhece. 
De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. 
Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. 
De que ouvimos muito além do que dizemos. 
De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. 
Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. 
De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz. 
Conta pra mim de onde a gente se conhece. 
De onde vem essa repentina admiração tão perene. 
De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. 
Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. 
De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. 
Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar. 
Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.”

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Relaxa: Barquinho na correnteza Deus dará



Eu entro nesse barco, é só me pedir. 
Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou (...). 
Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. 
Mudo o visual, corto o cabelo, começo a comer direito, vou todo dia pra academia (...). 
Mas você tem que remar também. 
Eu desisto fácil, você sabe. 
E talvez essa viagem não dure mais que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. 
Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. 
Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! 
Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser à toa, que vale a pena. 
Que por você vale a pena. 
Que por nós vale a pena. 
Remar. 
Re-amar. 
Amar."



Caio F.

Meu amor



Encontrar você que me sorri.
Que me abre os braços.
Que me abençoa e passa a mão  no meu rosto na minha cabeça confusa.
Que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. 
Mergulho no cheiro que não defino.
Você me embala dentro dos seus braços.
E você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, 
'Tudo, tudo bem.'

Caio F.

De vez em quando



Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, 
Então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você.
E a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme...
Só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: 
Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando (..)

(Caio F)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Você que sempre está aqui



"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és..."



(-Caio Fernando Abreu -)



PS: se vc vai, então vá para sempre: estas suas idas e vindas me matam*

Ainda sinto





Ando sentindo umas coisas que não entendo direito. 
Não gosto de não entender o que sinto.
Não gosto de lidar com o que não conheço. 

Meu sempre amor

Às vezes a distancia machuca. 
Ela dói. 
Arde no peito. 
Queremos sempre um abraço, um beijo, a companhia de quem está longe. 
Ah se eu pudesse estar ao seu lado. 
Afagando seus cabelos, alisando seu rosto. 
Beijando-o. 
Não quero ser repetitiva nem nada, quero apenas você. 
A todo momento, toda hora, todo o segundo e milésimo que meu relógio contar. 
Quero o sossego dos seus braços, o sossego dos seus lábios sossegando os meus. 
A clareza que trazem seus olhos iluminando meus pensares. 
Quero a clareza que reflete dentro de mim quando perto da tua clara presença. 
Essa clareza que me fascina, que me encanta cada vez mais, que quero sempre do meu lado. 
Aqui. 
Bem do meu lado. 
Junto à mim.


PS: Ainda sinto tua falta*