sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Minha dor

“Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, mas pra você parece estar tudo bem.”

(Caio Fernando Abreu)

Fim


" Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. 
Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. 
São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas - se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso."

sábado, 24 de agosto de 2013




"Se eu fosse um pintor
Eu pintaria o meu sonho
Se esse é o único jeito para você estar comigo"


Mas eu não uso tinta
Nem pincéis.

Te desenho com palavras.


                                               
                                                       Elegância
                      Doçura
                                                                                                       Ritmo
                                                                        Encanto
                     Alegria
                                               Gentileza
                                                                                                                          Mistério
                                                                     Paixão


E todas essas outras que ficam aqui.

Dançando ao meu redor.


Mulher








Então aceitou a felicidade como ela é: imperfeita. 
Passou a aproveitar o que a vida lhe oferecia de bom
sem esperar que fosse para sempre. 
Certa de que algumas vezes as coisas se atrapalham
e as pessoas decepcionam, 
aprendeu a ter fé e paciência para esperar passar.  
Demorou algum tempo para crescer por dentro,
mas agora que aconteceu é um alívio. 
É uma trégua nessa guerra que no final é uma busca pela paz. 
Se isto é envelhecer, ela já está pronta. 
A menina, finalmente, tornou-se mulher. 

Sabrina Davanzo


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Imagine



Não escreva o que sentiria se acordasse comigo. 
Acorde comigo. 
Não imagine meu cheiro. 
Me cheire. 
Não fantasie meus gemidos. 
Me faça gemer. 
O amor só existe enquanto amar. 
Ação. 
Calor. 
Verbo. 
Presença. 
Milímetros. 
Hálito.






Se te pareço noturna

e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim,
como se tu me olhasses
E era como se a água
desejasse... 


Hilda Hilst


Do amor



"Eu te amei muito. 
Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. 
Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar.
 Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. 
Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. 
Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. 
São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. 
Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. 
Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.”

(Caio Fernando Abreu)

Deixa


Você é tão bonito, tão homem, tão seguro. 
Seja, então, também gentil. 
E deixa esses teus olhos derramarem um olhar sobre mim. 
Só para mim. 
Daqueles que parece que tu estás me tirando as roupas sem me tocar. 
Daqueles que parece que tu me queres mais que tudo e que se não tivesse ninguém por perto tu bem que me agarraria. 
Deixa também esses teus dedos deslizarem por meus cabelos e me fazerem ter vontade de dormir. 
E descerem pelo meu corpo e me fazerem ter vontade de ficar (bem) acordada. 
Deixa essa tua boca sussurrar coisas safadas ao pé do meu ouvido e faz todo meu corpo se arrepiar. 
E me roubar beijos do rosto, dos braços. 
E da testa. 
Deixa de ser respeitador 
Deixa esses teus braços me darem abraços apertados, gostosos e safados. 
Deixa! 
Deixa tua cabeça inventar apelidos bonitinhos pra mim. 
Deixa tudo. 
Deixa ser lindo, ser fofo. 
Deixa-te ser chamado de meu. 
E deixa dizer-me tua. 
Deixa?



"Nós vamos mais uma vez nos olhar querendo transar até amanhã, mas vamos apenas assistir à novela e tentar adivinhar as falas. Nós vamos mais uma vez querer atravessar as ruas de mãos dadas, mas vamos brincar de dar ombradas um no outro. Eu prefiro morrer sua amiga do que quebrar algum elo misterioso e te perder para sempre. Te perder como sempre."

Eu só queria ....



Eu só queria que desse certo. 
Não queria que você fosse o amor da minha vida, nem queria ser o da sua. 
Eu nem queria que tivesse amor pelo meio. 
Eu só queria que a gente desse certo. 
E nem precisava ser do jeito certo. 
Podia ser errado mesmo, escondido mesmo, perigoso mesmo, 
inconsequentemente mesmo. 
Porque assim era bom, assim era o nosso certo.
Eu não queria namoro, compromisso, noivado, m casamento. 
Nada disso. 
Nem que fosse sério ou fixo. 
Eu só queria que fosse espontâneo. 
Que fosse automático. 
Toda vez que a gente se visse.
 Toda vez que a gente se encontrasse. 
Sem falar nada, sem marcar nada.
Eu não queria admiração, companheirismo, satisfação, muito menos exclusividade. 
Eu queria que você fosse meu enquanto a gente estivesse junto. 
E eu queria ser sua. 
Sua mesmo! 
De todos os jeitos. 
Você podia ser das outras, porque eu também queria ter meus outros. 
Eu só queria que quando a gente estivesse junto, fosse só a gente e o resto do mundo fosse só o resto do mundo. 
Eu só queria isso.
Eu não queria saber da sua vida, nem o que você faz, nem com quem você sai, nem pra onde vai. 
Eu não queria saber nada além dos momentos em que a gente estivesse junto. 
Eu não ia querer jantarzinho, cinema, foto brega, declaração de amor. 
Na da disso.
 No máximo, um filme, umas doses ou outras, um barzinho no final de semana e cama.
Eu não queria namoro, compromisso, noivado, casamento. Nada disso. Nem que fosse sério ou fixo. 
Eu não queria te ter pra sempre. 
Eu só queria te ter.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Vi




Depois de tanto tempo eu o vi.
 Eu o reencontrei. 
Ele estava lá, um pouco distante, com obstáculos que me impedia de vê-lo inteiramente. Mas eu o vi. 
Meus olhos não projetaram sua imagem, mas meu coração o detalhou.
Eu vi seus cabelos negros e lisos, meus fios de lã divina que acariciavam meus dedos quando por entre eles escorregavam. 
Vi sua pele branca com suas imperfeições perfeitas, que são só dele.
Vi seu peito, meu refúgio humano e perfeito. 
Meu travesseiro onde derramei lágrimas e pra onde sorri. 
Vi sua boca. Seus lábios perfeitos, que preenchiam os espaços que faltava nos meus. 
Que me beijavam, que me sorriam, que me falavam. 
Que me diziam as palavras doces. 
Seus lábios: a extensão dos meus. 
Vi suas pernas que em noites passadas se enroscavam nas minhas e me completavam. 
Que me faziam arder. 
Que me esquentavam. 
Vi seus braços, os donos dos melhores abraços. 
O meu aconchego. 
A minha proteção. 
Minha arma contra o medo, contra a solidão.
Eu o vi.
Ele não mudou nada. 
Continua o mesmo de ontem, de dois anos atrás. 
Continua o meu amor-menino, o meu homem-paixão. 
Ainda é o meu dono. 
O patrão.
Eu o vi. E o tive. Ainda que de longe.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

E A GENTE SEMPRE VOLTA...
A culpa permanece sendo minha, que não consigo me manter longe. Que inevitavelmente obedeço a esses teus chamados noturnos e me rendo a qualquer espaço que você dê que me dê a entender que o teu desejo sou eu, ainda eu, na porta da sua casa, de novo. De novo e de novo. Depois de tantas vezes bater a porta, estou encarecidamente, batendo na porta, mais uma vez. Eu não me canso de voltar. Não era só sexo, era outra coisa. Eu queria encaixar os corpos, mas principalmente os corações. Só que também não era amor, embora tantas vezes acreditei que passasse disso. E quem é que não acharia? Esse programa de humor onde os dois integrantes faziam todos os outros ao redor, rirem. Desacreditarem de qualquer afirmação do tipo: "Voltar com ele? Eu? Nunca mais." Riam mesmo, por conhecerem a essas frases e esses surtos há mais ou menos quatro anos. Quatro anos no mesmo lugar, e me movendo ou saindo dele por pouquíssimo tempo. Sempre voltando. Como fiz agora. Como fiz ontem. Como provavelmente vou fazer nos próximos 4 anos, se depender da nossa falta de senso, da nossa falta de amor próprio. Essa que conjugamos juntos por recairmos a cada vez que estamos perto. E aí você mata, de pouquinho em pouquinho, qualquer esperança de que dessa vez seja para sempre. A partir do momento em que desobedece, descumpre, tudo aquilo que prometeu minutos após eu abrir a porta. Me abrir, abrir a minha vida que te reconhece mesmo de longe. Resolvo. Vou seguir em frente, abandonar essa saudade. Não me impressionar com qualquer ato seu de arrependimento, e dessa vez, ignorar qualquer outra chance de sermos nós, que me apareça. Mas é inegável a maneira como me torno fraca em tua frente. Vejo a imagem que criei em tua distância, desmoronar. E me entrego. Como fiz pela primeira vez. Lá vou eu, ciente que não vai dar certo. Prometendo para mim mesma que essa será a ultima vez. Ultima eu sei, das tantas que estão por vir. Me pergunto até quando seremos aos olhos da face da terra, esse casal iô-iô que servem de mal exemplos para pessoas decididas, que são julgados de olhos abertos, por quem abomina esse tipo de atitude. Ou a falta dela. E eu não iria a essa altura do campeonato, procurar sarna para me coçar, iria? Iria! É claro que eu iria. Porque mesmo ligeiramente sorrindo, concluo que ficar sem você é uma merda. E volto. De novo, mais uma vez. E com você não é diferente. Me liga enquanto pode e não me nega se puder. E te deixando há quatro anos sem sono. Por te conhecer exatamente da cabeça aos pés. E mesmo assim, te mostrando esse meu jeito peculiar de querer aprender mais. Só os meus vizinhos sabem, reconhecem e assistem ao fato que enquanto me desapego de você, você volta de mala tudo para essa minha vida em que você é o hospede principal. Não adianta. A magoa não se põe dentro dos bolsos e nem se varre para debaixo do tapete. Nota-se que venho colocando tantos pontos finais, que coleciono uma porção de reticências. Indiretamente admitindo: Não consigo ficar longe. É como um imã que nos atrai sempre que a saudade bate. E quem bate é você, na minha porta de novo. E o ciclo se refaz. Quatro anos, por trezentas e quarenta e duas vezes, observando e admirando o fato de te encontrar a cada desencontro. Dessa vez vou seguir em frente, abandonar essa saudade. E me tornar forte ao afirmar que não importa quanto tempo passe, o que somos não pode nos tornar um do outro. Não por mais de duas semanas. Não para sempre. E persistimos, pelo menos, em vão, mas pelo menos. Se é pra esquecer, vamos esquecer direito. Sem musicas para relembrar, sem recordações para recordar. E me aproximando repentinamente, cansando a todos os telespectadores do nosso filme repetitivo, peço para que saia. Saia antes que eu peça para que fique, antes que me dê motivos para ficar. Antes que quem queira ficar seja eu. Saí! Saí para que coisas novas se acheguem, se aconcheguem no colo em que você deitou tantas vezes. No colo do qual você largou tantas vezes. E desvairada por perguntas absurdas sobre esse caso que me consome, concluo que reatar existe porque: Quando a gente gosta, é claro que a gente volta.

sexta-feira, 23 de março de 2012

(...) com muito custo, chacoalhei minhas mangas.
E só eu sei o quanto doeu ver a melhor coisa do mundo indo embora.
Doeu um, dois dias.
No terceiro, a melhor coisa do mundo virou a melhorzinha.
Que virou a décima melhor.
Que virou nada.

domingo, 29 de janeiro de 2012


‎"A gente precisa disso.
Delicadeza com nós mesmos.
Delicadeza com os outros
Delicadeza com o amor,
que borda tantas maravilhas
com os seus fios perfumados de luz."

Ana Jácomo