sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Do amor



"Eu te amei muito. 
Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. 
Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar.
 Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. 
Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. 
Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. 
São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. 
Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. 
Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.”

(Caio Fernando Abreu)

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