quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Meu doce amor



Não é fácil tragar esse vinho amargo que as circunstâncias nos proporcionam, mas não amargamos não.
Não desistimos não.
Porque tu não estás só. 
Em todo esse universo, nessa vida ou em qualquer outra, no bom e no mau, eu estou contigo. 
Eu não estou só, porque tu estás comigo. 
Tá tudo bem então.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Meu caro estranho, nossa estranheza nos levou à cama
e seguimos nos desconhecendo
não perguntei de onde vieram tuas cicatrizes
e não me perguntaste se eu já havia usado o cabelo mais curto
simplesmente nos beijamos e dispensamos todos os porquês
fui uma mulher qualquer e fostes mais um homem
e se esse descompromisso não merece ser chamado de amor
ainda assim não carece ser desfeito e esquecido

meu caro estranho,
mesmo nos amores não há nada muito além disso.




(Martha Medeiros)

terça-feira, 28 de setembro de 2010


Não agüento mais essa filosofia de boteco do 'vai passar'.
Porra, eu sei que vai passar.
Mas a possibilidade da falta da dor amanhã, não me faz aceitar a dor hoje.
I’m burning. 
Ou eu fecho os olhos e os ouvidos e faço que não estou nem aqui, e levo os dias nessa apatia besta de fingir que tudo bem, tudo ok, tudo lindo, trabalho, casa,  cama, MSN, celular... ou eu escuto, escuto, escuto, ouço que faz tum-tum-tum, que essa porra dessa dor lateja e não sara nada, e que eu estou desmotivada, e que meu cansaço não é de dormir de madrugada.
é de ficar enfrentando. 
É de oscilar entre a apatia e o 'preciso fazer alguma coisa' é de acordar todo dia esperando que o dia vá ser melhor e mais bonito que ontem, e o dia terminar com o mesmo vazio do nada resolvido, e das sensações que crescem, e não me deixam e que não são úteis pra nada nem pra transformar coisa alguma.
eu quero olhar em volta e sentir que as coisas estão no lugar. 
Que eu posso confiar, posso continuar, posso fazer. 
Eu quero que tenha mais valor que isso, que esses dias.  
Não quero ter razão em nada nada - eu quero é ser feliz. 
Que eu estou vivendo sem isso e - olha? - tá uma bosta. 
Outra semana dessas e eu desisto de tudo. 
E nem é o desistir do 'peguei minhas coisas e fui embora'. 
É esse mesmo, de continuar vivendo como se estivesse tudo bem. 
De morrer aos pouquinhos. 
De deixar de querer que faça sentido. 
De simplesmente continuar respirando, comendo, dormindo e acordando. 
É esse desistir muito pior.

sábado, 25 de setembro de 2010


" Você sabe o que significa um balde de água fria? Eu sei. É mais ou menos quando a gente tem uma coisa bem quente no peito, nas mãos ou na cabeça. Um sonho, talvez. Muitos deles, quem sabe. E você dá Farinha Láctea Nestlé para todos eles, que vão crescendo fortes e sadios e, de repente, não mais que de repente, tudo muda. Aquilo que era quente recebe água gelada. Choque térmico. Em outras palavras, ou melhor, em outras metáforas: o amor (sempre ele) está saudável, com as vacinas em dia, tomando vitaminas e praticando exercícios físicos, ou seja, (em tese) nenhuma grave doença irá pegá-lo de surpresa, afinal, ele não bebe nem fuma, cuida a alimentação e ainda por cima se exercita. Pois um dia, atravessando a rua, o amor é atropelado por um caminhão gigante, que passou no sinal vermelho em alta velocidade, com raiva, ódio, feroz. O amor perde o equilíbrio, o controle, capota várias vezes, se machuca, bate a cabeça, desmaia. Transeuntes chamam ajuda. Ambulância, maca, oxigênio, respiração boca a boca. Uéin, uéin, uéin *barulho da ambulância*. Levam o amor direto para a UTI. E lá ele fica, inconsciente, imóvel, sem receber visitas, tomando morfina na veia:porque tem muita coisa que dói (demais)."

Sim

"Eu vou continuar vendo você em todos esses crápulas que fingem ser você para vulgarizar o meu amor. Eu vou continuar cheirando você em todos esses suores fugazes que me querem num conto pequeno. Eu vou continuar lendo a nossa história em contos pequenos. Cadê você que some a cada som que não me procura? Cadê você que parece ser e nunca é porque desaparece no cansaço das relações? O meu amor acaba por todos, a minha espera cansa por todos, a minha raiva ameniza por todos. Mas a minha fé por você cresce a cada dia." 

Tati B.
a gente morreu de rir, eu senti um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o nosso coração acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais."

Tati B.
"Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos (...) tinha de ser justo amor, meu Deus"

Caio F.

domingo, 12 de setembro de 2010

Adeus

A poeira fina vai, pela contagem do tempo, sendo derrotada pela gravidade e desaba com leveza no assoalho escuro e largo.Sem expressão meus olhos nus se jogam contra as caixas no canto de uma poltrona antiga. E na procura de argumentos sensatos, o descaso grita palavras indecifráveis enquanto a veracidade sufoca algumas lágrimas. Sem entender, o lamento arrisca suas forças pelas linhas da face.
Só queria esquecer as prorrogações, as frases bem elaboradas e o flerte perfeito. Só assim seria possível reorganizar os sentidos invertidos.
Observe indiscretamente estes últimos gestos e não pronuncie palavras em timbre que os outros possam ouvir.
A poeira já descansa como criança e tudo parece querer voltar para a versão habitual da rotina.
Aumente o volume para que a razão ganhe voz e desprenda seu apreço pela minha graça.
As caixas já estão feitas.
Leve-as daqui e, em silêncio, sinta o toque de um último beijo.