domingo, 12 de setembro de 2010

Adeus

A poeira fina vai, pela contagem do tempo, sendo derrotada pela gravidade e desaba com leveza no assoalho escuro e largo.Sem expressão meus olhos nus se jogam contra as caixas no canto de uma poltrona antiga. E na procura de argumentos sensatos, o descaso grita palavras indecifráveis enquanto a veracidade sufoca algumas lágrimas. Sem entender, o lamento arrisca suas forças pelas linhas da face.
Só queria esquecer as prorrogações, as frases bem elaboradas e o flerte perfeito. Só assim seria possível reorganizar os sentidos invertidos.
Observe indiscretamente estes últimos gestos e não pronuncie palavras em timbre que os outros possam ouvir.
A poeira já descansa como criança e tudo parece querer voltar para a versão habitual da rotina.
Aumente o volume para que a razão ganhe voz e desprenda seu apreço pela minha graça.
As caixas já estão feitas.
Leve-as daqui e, em silêncio, sinta o toque de um último beijo.

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