terça-feira, 26 de julho de 2011


"Foi então que o vento começou a soprar.
Compreendi que viver é isto.
Uma canoa que a vida nos empresta e só vale o quanto temos disposição para remar.
Tenho medo que a minha termine num gemido afogado, por ter batido em uma rocha atormentada por lembranças que ela decidiu petrificar.
Mas preferi acreditar que o temporal passaria largo e ao invés de se despedaçar eu a encontraria reluzente sobre as águas.
Às vezes eu fico de pé dentro dela, gosto de olhar a travessia.
Gosto de forçar o remo e sentir como é bonita a maneira como ela deixa tudo para trás.
Olho para as margens e vejo o sol mergulhar no horizonte.
Vejo as flores, os bosques, os prados, os jardins, as florestas e seus bichos correndo para os montes. Quero um mundo com o qual eu possa me emocionar.
Quero ter a soberania de uma borboleta almirante e cessar fogo no entrecortar de minhas asas.
Quero uma paisagem pela qual valha a pena lutar."



(Lídia Martins)





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